Cheguei em casa, finalmente. Estou exausto! Onde dói mais? Não sei. Isso é velhice, trabalho ou cansaço?
Hoje, acordei bem. Disposto e feliz, mas já sabendo do que viria pela frente. O Facebook sinalizava que o dia seria movimentado. Dia do lançamento do meu livro! “Rá”, você queria o quê? Não teve carro com motorista, não teve massagista, ajudante, secretária, não teve nada! Carreguei tudo, subi e desci escada, me equilibrei como ninguém!
Meus amigos estavam infinitamente mais ansiosos do que eu. É o que parecia. Tinha gente chorando, gente com dor de barriga, gente rezando... Talvez pensassem que eu estivesse uma pilha de nervos, e sendo assim, amigos que são, quiseram dividir comigo o peso de ilusória insegurança pelo que se sucederia.
Como de costume, pela manhã chequei meus e-mails, fiz uma gracinha no Facebook e parti para o café da manhã. Após o clássico “Um misto, um suco de laranja, um expresso e a conta!”, fui levar um lero com o engraxate da esquina. Sentei naquele banquinho alto e fiquei vendo as beldades desfilarem pela rua. Que vidão!
De volta, em casa, chequei tudo antes de sair. Instrumento? Afinado! Roupa? Passada! Caneta? Carregada! Carteira? Vazia? Corre no Itaú. Putz, me esqueci de convidar o gerente! Que mancada! Logo ele! Essa era a minha oportunidade para fazer uma frente e descolar um crédito. Não foi dessa vez.
Depois de responder no Face a um bom número de mensagens positivas dos amigos, fiz a barba, menos o bigode, óbvio! Tomei aquele banho, lancei um perfume e parti. Todo carregado, parecia mudança. Dá-lhe táxi!
Chegando ao local fui logo me organizando, premeditando todas as situações e possíveis imprevistos como a rever um filme. Uma fã descontrolada, um marido ciumento... (rs). Nada poderia sair errado! Depois “daquela” passagem de som, com direito a atraso do técnico, notei a chegada de alguns amigos. Comecei a autografar os livros. Amigos da velha, amigos da nova, parentes, vinham a mim com aquele sonhado livrinho. E dá-lhe tinta! Dá-lhe foto! Dá-lhe sorriso! Haja Botox! O tempo passava, um pouco de tudo acontecia, o vinho rolava, a banda tocava, e dá-lhe tinta!
Certa hora subi pra dar uma palinha. Como pode livro de música sem música e livro de saxofone sem saxofone? Dizia a editora. Já pra cima tocar! (rs). Começou a rolar um jazz e lá estava eu preenchendo o posto de “sax-hero”. (rs). Depois do evento, relaxando em um bar, um amigo comentou: Quase gritei: “Cadê o saxofone dos anos 80?”. (rs). Se rolasse essa... ia virar “Festa Ploc”! Haja amor!
Tudo transcorreu no ritmo normal de um lançamento. Depois fomos a um santuário gastronômico fazer uma boquinha e dar umas boas risadas. Coisa leve, uma carne de sol com macaxeira, filet à parmegiana, uma dobradinha... Só um lá, comeu três mistos-quentes. Não foi o escritor! O escritor atacou de pudim.
O escritor, tadinho, achava que livro era só papel (notebook) e caneta (teclado). Se deu conta da promoção, até então invisível, maquiada pela sua inexperiência. Mercado editorial: que máquina!
Foi cansativo, mas extremamente compensador ver velhos e fazer novos amigos. A galera do Face baixou em peso. Do Modal então, nem se fale! Autografei bastante! A propósito, não sei mais escrever! O tal do WORD me quebrou! Vou ter que “curtir” um caderninho de caligrafia.
Agora que fui apresentado ao mundo editorial, por que não pensar em um segundo livro? Acho que ideias não faltam, mas antes:
- Pô, não rola uma massagem?